Compositor: Mario Panciera
Sacrilégio
Profanação de tudo o que Deus
O santo, pretende consagrar
Sacrilégio
Por longos milhões de instantes sem fim eu bebi do cálice da ilusão
Cultivando tumores e bobagens
Desesperadamente vagando pelos túneis escuros da caixa de ossos
Então, submetido eu decidi afogar-me nas cinzas de meus sonhos
Quando a pureza é violada, três dias não são suficientes para ressuscitar
Por todo lugar a lepra se espalha
As luzes dos olhos se estendem
Trovões agora destroem os tímpanos
O grito é de, a praga está em você!
A poeira que eu costumava construir
A realidade impalpável das minhas noites
Trazem de volta ao longo dos caminhos
Onde eu espalho as esperanças inúteis
Acredite!
Posso confiar em você?
Não, por favor, não!
Posso confiar em você?
Para sempre, de verdade, para sempre!
Meu nome é condenado
Esses juramentos se firmaram na água
Obedeça!
Obrigado, senhor
Como uma criança, ou um idiota
Quem segue as leis dos outros?
As areias movediças têm um objetivo implacável
Boa viagem, meu amor
Lute!
Esse inimigo invisível aninhado atrás daqueles
Coloridos, falsos e afiados sorrisos
Não posso dizer apenas, adeus!
Para conquistar o futuro e destruí-lo!
Eu volto mais uma vez ao abismo de meu nada
Você sabe
O morto tem a virtude de parecer como cada outro
Parece que foi ontem
Quando éramos crianças e brincávamos de correr atrás do outro
Você me trancava frequentemente em um sótão escuro
E eu implorava, por favor, abra!
Eu costumava correr pisando nas pequenas cabeças cortadas
Espalhando cobertores no gramado
Nós não tínhamos mãe, então a gente revezava para ser ela
Você tem visitado meus sonhos deixando a neve
Por dedos quase fechados
Cristais brilhantes de ilusões virginais
O tempo parecia ser nosso irmão até a noite mortal
Atordoado, te preservei, com ciúmes, ao meu lado
Com frio, decorado com as telas malditas do súbito silêncio
Enquanto sonhador eu te ofereci
Um sorriso em um flash suspenso
O espírito foi arrancado
Pelo sacrilégio das armas fatais!
Para sempre! Lembra?
Para sempre! Mantive o segredo
Onde está a noiva? Abandone-o!
Fugindo do enganado! Deixe-o sozinho!
Falem, falem
Seus tolos!
Para sempre eu quis
Ainda, sem vida e vazio
A sua sombra para deitar no sofá nupcial
Onde você riu espantado
Pensando nos contos bizarros e contorcidos
Que eu te contei todas as noites
Antes de se submeter ao império das trevas
Morte aos jogos de seus tribunais
Maldição, maldição para ti!
Ao poder e a natureza
Maldição, maldição para ti
Aqueles que sabem, não falam
Aqueles que falam, não sabem!
Malditos! Malditos!
Somos apenas esboços do homem
Pegos em um vórtice mal onde o terceiro está excluído
Entre ser Deus ou ser condenado
Mas afinal não é verdade que
Uma sugestão inaudível, um remorso inefável
Um instinto secreto revela a impureza escondida no sucesso
A vulgaridade da vitória, a imundície aninhada
Na fortuna pura pureza
A catarse absoluta está na desventura
Na tragédia de um inelutável xeque-mate
E quando as luzes escurecem e cai lentamente a cortina
Eu volto a dançar em um picadeiro
Com o homem esqueleto e a senhora barbuda
O menino-pássaro e o anão risonho
Entre dragões e anjos vingadores
Donzelas aladas e rebanhos de cegos
Que latem de olhos arregalados
Levando-me finalmente para o mundo onde
Sem dúvidas não existe
No céu ou no subsolo
Sacrilégio
Visto que agradou a Deus Todo-Poderoso, em sua grande mensagem
Tirar deste mundo a alma de nosso irmão morto aqui que partiu
Nós, portanto, entregamos este corpo ao solo, terra à terra, cinzas às cinzas, pó ao pó
Na esperança segura e certa da ressurreição para a vida eterna, por nosso senhor Jesus Cristo, amém
Até os anjos choram se uma garça se recusa a voar e prefere rastejar entre os vermes